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O medo e o poder de Interser - por Virgílio Varela

Atualizado: 6 de mai. de 2023




Se eu colocar a lente da mente racional, a palavra Interser é assustadora! Noto uma sensação de perda de controle, ansiedade e até de bloqueio no encontro com o desconhecido. Sim, quando a mente separa e distingue, o Outro torna-se um eterno desconhecido; um vazio para ser preenchido, com o que assumimos que é e o que não é, com o que pode e não pode ser.Faço isso por puro medo. Concordo que a palavra interser tem a sua beleza, que a nossa interconexão é importante e crucial para a nossa sobrevivência. Limitar-me a esta análise como observador distanciado de uma palavra ou fenómeno é perder a capacidade de um olhar mais profundo, de um sentir mais sábio. Percebo que o olhar de observador distanciado, a tendência de julgamento ou a falta de consciência do meu viés cognitivo são efeitos do medo criado pela minha mente. O que liberta é a pergunta, o questionar: E se esse medo é uma energia e uma fornte de poder que precisa ser direcionada para o que mais procuro? A palavra Interser abre o campo para a interconexão entre todos os seres e o planeta. Para uma relação de proximidade e intimidade que nos permite escutar o outro e o todo, colaborar para criar diálogos generativos sobre futuros que sustentam a vida. É um salto no desconhecido e no mistério, algo que assusta o nosso cérebro reptiliano que se preocupa com a nossa proteção e sobrevivência, por isso reage com negação, medo e fuga. Reconheço que apesar de ter realizado quase uma centena de projectos e parcerias, cada vez que inicio uma nova colaboração, sinto medo, porque existe a possibilidade de não resultar, da minha “pseudo-reputação” estar em causa, de não conseguir mais clientes ou perder os existentes. Tudo isto pode ser paralisante, ao ponto de erguer murros para evitar a conexão, a sua sabedoria ou a visão de um mundo interdependente. Este bloqueio acontece se eu pensar e sentir somente com a minha mente racional ou com o meu corpo mental. Outras perspetivas A boa notícia é que temos mais opções para pensar, sentir e entender. Além do nosso corpo intelectual, temos outros corpos para relacionarmos com mundo: a) O nosso corpo físico onde estão os tecidos e órgãos que captam as sensações. b) O nosso corpo emocional com um coração que capta e emite sentimentos e emoções. c) O nosso corpo energético através do qual manifestamos a nossa presença, propósito e inspiramos outros. Juntos estes 4 corpos[1], intelectual, físico, emocional e energético oferecem-nos novas perspetivas e possibilidades de conexão. Para estes corpos, que são um, a palavra interser é como a vida sempre foi e sempre será: interconectada São estes corpos que mais sentem a falta de conexão e é através deles que podemos manifestar a nossa humanidade. A inteligência não é algo que possuímos de forma isolada. Ela é a relação que estabelecemos com os outros e com o tudo o que nos rodeia, incluindo a natureza. São os nossos corpos físico, emocional e energético que trazem perspetiva para o nosso corpo mental: a qualidade da empatia: entender, sentir, imaginar a experiência do outro. A qualidade da compaixão: sofrer junto com o outro e sentir-se motivado a aliviar esse sofrimento. Ou a qualidade de altruísmo: quando agimos para trazer bem-estar aos outros mesmo quando nos colocamos em risco ou existe um custo para nós próprios. Estas qualidades ajudam-me a perceber a potência onde existe mistério, a possibilidade onde existe medo. É esta perceção que me permite receber o medo de interser, como uma informação que precisa de ser filtrada e vista de mais perspetivas, para revelar a minha humanidade e a minha natureza,para refletir a minha curiosidade e como relaciono com o perigo. Como me coneto cm o futuro que está emergir a cada momento. Interser é uma filosofia, uma forma de ver o mundo, um comportamento e uma prática que nos permite entender por exemplo a importância de conceitos como o Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, as 17 metas globais estabelecidas pelas Nações Unidas e, a partir daqui, sermos agentes de uma cultura regenerativa, que na sua essência potencia os futuros que sustentam vida. Dia 13 fevereiro haverá uma Masterclass onde poderemos juntos ter uma experiência interser. Saiba mais aqui https://www.designregenerativo.org/


[1]A distinção dos 4 corpos foi criada por Wolgang Kohler, citado no livro Radiant Joy, Brilliant Love de Clinton Callahan,2007

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